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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Família suburbana.


É a primeira vez que escrevo durante uma manhã, mas precisava disso!Hoje é domingo, quer dia mais brega que domingo?Toda a família reunida, um almoço grandioso, o cunhado feio, gordo e chato deitado no sofá, a televisão ligada, aqueles tios enchendo a cara de cerveja quente e fingindo ser um mais rico que o outro, aquela tia fofoqueira que só aparece na hora da comida, crianças fedidas correndo, o falatório dos adultos, uma algazarra e sem querer ser chato, mas já sendo, aquele domingo passa a ser uma grande farofada!Acordar pela manhã e ver a casa cheia dessas figuras suburbanas depois de uma longa noite de insônia, vamos combinar que não é nada agradável, porém o pior de tudo é ouvir os comentários desnecessários e desagradáveis daquela tia gorda e grossa, separada há vinte anos e a trinta que não sabe o que é sexo lhe perguntando se você já arranjou um emprego com salário fixo, décimo terceiro salário e carteira assinada pois ser escritor não paga as contas no final do mês, e é exatamente aí que você se sente impotente, pois como explicar pra uma pessoa intelectualmente idiota que ser escritor é mais, bem mais que ter dinheiro? Como explicar que é vida, é brincar com palavras, é ir além, é viver o hoje como se fosse morrer amanhã, então como responder a quem já tem uma resposta deturpada na cabeça pequena e preconceituosa?O sol brilha no céu, resolvo ignorar as tolices de minha tia, chegou a hora da comida, a comida é boa, é ótima, mas a companhia terrível, em dias como esse é que não entendo por que a Eva teve a terrível idéia de comer aquela maldita fruta e agora por culpa da gula dela temos que suporta a proliferação de pessoas formando assim as famílias, que saco! Fui acaso eu quem mandou a louca comer a droga daquela maçã?Sei que hoje estou muito mal-humorado então terei que dar um desconto, resolvi me retirar para a biblioteca, meu sagrado recesso onde o mau não me atinge, pensamentos medíocres não surgem e a dor desaparece, escutei ao longe o telefone tocar, claro que nem por decreto iria me levantar da minha confortável poltrona para ir até a sala e atender o telefone, mas alguém assim o fez, logo após ouvi gritos, gargalhadas e até ouso dizer aplausos, pensei que talvez algum time idiota tivesse feito algum gol e todos sem ter o que melhor fazer estivessem comemorando, mas meu pensamento foi interrompido quando a flor-mulher invadiu a biblioteca com um sorriso nos lábios, um brilho nos olhos e diz frenética:
__ Seu livro, seu livro meu bem, está em primeiro lugar na lista dos mais bem vendidos, a secretária da editora acabou de ligar... Parabéns!Ainda estou em choque com notícia, esse livro fiz simplesmente para não enlouquecer, fiz para por pra fora meus pensamentos, fiz para os amigos, e agora está no topo! Minha emoção foi novamente interrompida, um pequeno lapso de memória e quando me vejo novamente estou nos ombros dos meus dois cunhados sendo carregado como um jogador após a vitória na final de um campeonato muito importante, olho para baixo e vejo as crianças pulando, e gritando de tanta felicidade, minha tia gorda aplaudindo num canto e os tios bêbados contando aos vizinhos o feito do grande sobrinho escritor, só falta aqui minha mãe, que tanto sonhou em me ver realizado, mas não tem problema consigo enxergá-la nos olhos da flor-mulher, que em um canto exclusa me olha orgulhosa, mas que não invade meu momento deixa-me brilhar solitário assim como uma estrela cadente no céu escuro numa noite de primavera.E foi então que percebi que minha família mesmo tendo sido durante a manhã inteira maltratada por meu mau-humor mesmo assim todos me apoiaram e aplaudiram meu sucesso.Devo então agradecer além da minha grande família, a também sábia Eva que inteligentemente comeu a maça e me proporcionou ter uma família maravilhosa!
Obrigado a todos!

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