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sábado, 10 de dezembro de 2011

Olhos de ressaca



Era manhã de novembro, o moleque levantou correndo da cama e como um coelho saiu pulando pro lado de fora da casa, a grama tava verdinha, o sol tinha um brilho especial, o cheiro da areia molhada, o barulho da cachoeira vinha de longe e se confortava com canto dos pássaros, o vento passava suave pelo rosto do moleque quase brejeiro, o garoto dava piruetas, pulava, corria até que resolveu deitar na grama ainda úmida do sereno da noite a pouco passada, de barriga pra cima ele apreciava o sol, via no céu um grande zoológico, tinha gato sem rabo, coelho, cachorro, leão tinha todos os bichos imagináveis e inimagináveis que se formavam nas nuvens brancas feitas de algodão doce, em meio a sua fértil imaginação o nariz do menino o resgatou do mundo do faz de contas, sentiu o aroma que vinha da cozinha, sua barriguinha reclamava o café da manhã ainda não tomado, então mais rápido que o vento o garoto se levantou da grama e sai pulando em direção a cozinha, tinha bolo de milho, bolo de laranja,café fresquinho, suco de goiaba, queijo branco, manteiga da terra, mamão e melão fatiado, leite mugido e o bom e costumeiro bolo de fubá, comeu de tudo um pouco, sentindo cada sabor como se fosse o ultimo que sentiria em toda sua vida, sua avó de avental e coque no cabelo disse com um sorriso nos lábios:
__ É meu anjo, bolo de fubá na mesa da vó num pode fartar né?
O menino retrucou:
__ Não é fartar vó é faltar.
__ Eu disse que era bom uma mesa farta.
E ambos caem no riso, a avó por saber que errou no português e menino por saber que a avó acertou na emoção.
Terminado o café da manhã, o garoto mais uma vez saiu aos pulos, pois não gostava muito de andar, tinha uma pressa que até hoje não sei explicar, o moleque correu para a biblioteca do avô, lá tinha um cheiro de fumo e aromatizante de carro, em frente à grande estante de livros estava sentado o avô, que fumava um cachimbo e lia o jornal, levantou discretamente a vista e viu aquele menino de olhos esbugalhado a observá-lo então perguntou:
__ O queres aqui meu pardal?
__ Nada vô, estou só tentando entender o que tanto o senhor vê nesse jornal.
__ Aqui tem notícia do mundo todo meu pequeno, através dessas folhas posso ficar informado sem sair de casa.
__ Então vou escrever um jornal agora.
O garoto pegou uma dúzia de lápis e canetas coloridas, algumas folhas, colocou um fósforo da boca e ficou em torno de uma hora criando seu fabuloso jornal, depois de pronto o guardou em uma das gavetas e novamente saiu porta a fora para continuar brincando, só que dessa vez quando chegou na grama o sol já estava mais forte, os pássaros já estavam escondidos se protegendo nas sombras e moleque levado era agora um super pirata descobrindo tesouros, subiu em árvores, cavou buracos, levou alguns arranhões, e por fim decidiu ir pra cachoeira, ao chegar deu uma cambalhota e caiu de cabeça naquela água gelada, um grupo de garotos que assistiam mais um número daquele menino abusado ficaram preocupados até que o viram voltar a superfície e num grito só, berrou:
__ Eu sou o rei de Atlântida!!
Brincou de prender o fôlego em baixo da água, brincou de procurar pedrinhas na cachoeira, brincou de pega-pega na água, até que a fome apertou, a barriga começou a reclamar e ele convidou toda a garotada que estava na cachoeira para almoçar na casa da sua avó, eram em torno de dez meninos, entraram na casa todos cobertos de lama, areia e molhados a avó quando os viu sentados na mesa quase caiu de susto, mas era de uma educação monárquica, serviu a todos, mas não sem antes encaminhá-los ao banheiro para lavarem as mãos, o avô era um menino em corpo de um velho, brincou de jogar azeitona, puxava de leve a orelha de um, cutucava o braço de outro na verdade o almoço foi uma farra, e após o almoço, começou o jogo de futebol, foram todos para o grande quintal, o avô era o juiz, as traves os coqueiros e a platéia era composta de formigas, pássaros, borboletas e tudo mais que tinha naquele imenso sítio.
A tarde já estava indo embora, junto com ela foram todos os amiguinhos afinal de contas estava escurecendo, o sol já se despedia, a lua já quase despontava no céu, o avô demonstrava certo cansaço, ao longe o menino ouviu a voz da avó:
__ Anda coração, passe pra dentro já ta na hora de tomar um bom banho ou então vou colocá-lo junto com os porquinhos lá no chiqueiro.
O menino sorriu e correu para o banheiro, lavou braços, bumbum, orelhas, cabelos, barriga, perna e piu-piu, prontinho ele estava novinho em folha, mas os olhos começaram a apertar, a boca se abriu num bocejo contagiante, então o avô o chamou para deitar-se com ele na rede e começou uma leitura interessante, o livro não era adequado para a idade do menino, mas mesmo assim avô e neto entraram no mundo literário o livro era Dom Casmurro de Machado de Assis, os olhos do menino brilhavam a cada palavra pelo avô proferida, ele ficou tão envolvido com a história que não percebia nada o que se passava a sua volta, só foi resgatado desse transe poético quando sua avó o chamou:
 __ Querido venha aqui e traga seu avô se não ele não larga essa rede!
O menino puxando na mão do avô entrou na sala e de repente ouviu um grito:
__ SURPRESSAAAAAAA!!!
A Avó, a mãe a irmã e todos os seus amiguinhos estavam em volta de uma bela mesa decorada, cheia de doces e salgados e tinha no centro um bolo enorme, o menino quase explodiu de emoção, seus pés não tocavam mais o chão, seus olhos pareciam um céu com mil estrelas cadentes, e quando todos começaram a cantar Parabéns pra você o menino foi ao melhor dos céus, era então seu aniversário de onze anos e o dia tinha sido tão maravilhoso que ele acabou esquecendo.
Na hora de soprar a velinha o seu avô perguntou:
__ E então anjo, você vai pedir pra ser astronauta, pirata ou super herói?
Prontamente o menino respondeu:
__ Vou pedir pra ser feliz pra sempre!
O aniversário acabou, os anos se passaram, a vida correu e eu caros amigos leitores, voltei a velha casa de minha avó que agora é minha, a cachoeira ainda está aqui, a grama verde também e mexendo nas gavetas da velha mesa da biblioteca encontrei o livro Dom Casmurro e dentro dele encontrei o jornal que escrevi aos onze anos e na matéria principal dele eu dizia:
__ Extra, extra, menino vira personagem de livro.
É amigos parece que o pedido não se realizou, mas a previsão sim, pois trancado nessa casa fria, vivendo apensa de recordação, atracado numa garrafa de conhaque e sonhando com Olhos de ressaca que nunca mais fitarão os meus eu me transformei no Dom Casmurro do século 21!
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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

“Quero mais”

  


Texto para querida amiga Sônia / Ideias compartilhadas: 4ª semana de Outubro – Tema: Poesia humorística.


Hoje acordei com sono sem vontade de acordar

As pernas ainda estavam dormentes, sem poder andar

O cheiro nos lençóis, as marcas no corpo, a vontade de repetir

Tudo ainda aguçava meus sentidos, mas eu sabia que não poderia prosseguir

Meu corpo gritava um sonoro “Quero mais”, mas eu não podia, na verdade

Eu não agüentava mais, estava cansada, relaxada e saciada.

O sol da manhã entrava no quarto, eu ainda estava pelada

Minhas mãos não resistiram e começara a percorrer meu corpo

Investigando e averiguando os sintomas da noite anterior,

Parte por parte eu fui tocando, devagarzinho me deliciando,

Os dedos passavam e deslizavam me fazendo enlouquecer

Apalpei coxas, bunda, barriga tudo estava bem durinho e 

Bastante definido, graças a noite de exagerados exercícios físicos

Que fiz! Como é bom correr na esteira antes de dormir! 

Vocês estavam pensando que era o que? kkkkk  
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