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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Acordar no mar


Sair vagando a noite, procurando esconder em cada gole ingerido os problemas que se acumulam, procuro desesperadamente um abismo em que eu possa jogar essa minha carcaça imunda, vou fugindo de mim sem saber onde exatamente pretendo chegar com essa neurose, sinto ao longe o cheiro do mar, percebo que por instinto ou apenas por morar perto da praia acabo por está diante daquela imensidão de água salgada, observo as ondas e busco na sua força a minha própria que agora já nada mais é que um suspiro de sobrevivência.
As sereias do calçadão passeiam e encantam a todos que as olham, em outros tempos eu certamente estaria rendido ao canto de uma daquelas filhas de Iemanjá, mas o mundo gira, o tempo, a mente amadurece e o corpo apodrece e aqui estou eu agarrado sozinho a minha garrafa, praticamente um pedófilo, só eu e minha garrafa de 12 anos e isso me causa saudade fazendo eu lembrar-me de quando eu tinha doze anos, felicidade aflorada, hormônios em ebulição, mente saudável e um coração na mão.
A memória é algo incrível e complicado, quantas e quantas vezes eu vi essa praia, quantas e quantas vezes eu vim aqui e só agora me ponho a lembrar do meu aniversário de doze anos que foi comemorado aqui nessa mesma praia num dia ensolarado de domingo.
Naquele dia acordei cedo, eu acho que nem dormi direito, sempre tive verdadeira veneração pelo mar e como meu pai trabalhava muito e nunca tinha tempo de sair comigo e minha mãe então, por isso era muito rara às vezes em que vínhamos para a praia, eu nunca tive irmãos então sempre que saíamos para festejar alguma coisa a minha mãe convidava minha tia, o seu marido e meu primo, aí a farra era completa, pra mim claro, pois meu pai odiava a algazarra que nós fazíamos, acho que o fato de meu pai não tolerar gritos e brincadeiras de crianças fez com que minha mãe só tivesse um filho, eu.
Chegamos à praia, tudo estava brilhando, lembro-me das brincadeiras de bola com meu primo, minha mãe de chapelão e óculos escuros conversando animadamente com minha tia, mas seus olhos nunca descuidando de onde eu e meu primo estava brincando, lembro-me do meu pai sempre tão ausente, excluso num canto lendo seus livros, perdido em meio a Oswald de Andrade, Machado de Assis e Jorge Amado, acho que herdei essa obscura preguiça de viver do meu saudoso pai.

2 comentários:

  1. OLA POCAHONTAS!!!!
    SOU SEU MAIS NOVO AMIGO E FÃ,GOSTEI DO SEU ESTILO,BEM REALISTA,GOSTARIA DE SABER SE VC JA TEM LIVRO EDITADO,E SE POSSO PUBLICAR TEXTOS DE SUA AUTORIA NO MEU BLOG? CASO A RESPOSTA SEJA AFIRMATIVA,MANDE POR E-MAIL TEXTOS QUE VC ACHAR MELHOR E FOTOS,COLOCAREI ALEM DA AUTORIA O ENDEREÇO DO SEU BLOG,PARA QUE OS MEUS AMIGOS TE FAÇAM VISITAS.ESTOU TE MANDANDO O MEU E-MAIL PESSOAL:DEZACERTO@GMAIL.COM

    FORTE ABRAÇO
    FIQUE NA PAZ

    DEZACERTO DE JACARAPEBA

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  2. Caro amigo...
    Estou realmente muito feliz com seu comentário,
    quando fiz esse blog pretendia que não fosse mais um blog a falar de um cara que deixou a garotinha, de um amor platônico, queria que fosse algo realista, provocativo e novo!!!kkkk
    Obrigado por seu comentário!!!!
    Continue postando comentários pq será um ótimo termômetro para novos textos!!!

    Abçssss

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