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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

“Hoje é dia de se apaixonar”



Hoje eu preciso de ar puro, sentir no corpo o calor passional, escutar em silêncio uma melodia triste de algum cantor ébrio, preciso sentir as ondas lavando meus pés cansados, meu coração anda meio exausto, minhas pernas se movem, mas parecem não andar pra frente, minha cabeça pensa naquilo que não quero, mas mesmo assim insisto em dizer a todos que estou bem, afinal de contas só dói quando respiro.
Não, não e não, não vou me deixar abater, vou sair de casa, contemplar a multidão, ver pessoas jovens e felizes, vou brindar com Deus e com quem mais quiser desfrutar da minha companhia, vou abraçar o desconhecido e me entregar ao primeiro engano que passar a minha frente e ousar esboçar um sorriso.
Dito isso, saio de casa, o calçadão da Beira-mar é meu lugar de destino, a noite está linda, a lua parece gritar pra todos “Hoje é dia de se apaixonar”. O garçom, meu velho companheiro mesmo sem eu pedir já me serve uma generosa dose de conhaque, bebo de uma vez, afinal de contas a vida passa rápido demais, os olhos de uma jovem parecem me cercar, mas acho que é só impressão, pois ela não é uma filha de Iemanjá, ela não vende amor, posso até está enganado, mas eu raramente erro nisso. Peço outra dose, acendo um cigarro, meus olhos de gato espreitam o andar apresado e elegante da jovem que agora caminha em minha direção, um frio percorre por toda minha coluna. Linda ela se aproxima e com voz delicada pergunta se pode sentar, óbvio que um sim sonoro eu proferi, olhares e conversas vazias de conteúdo, mas cheias de desejo, de minha parte era óbvio o porquê de todo aquele papo, eu era um velho com um coração sangrando, um corpo cansado, mas cheio de vontade de colher o mel daquela abelhinha tão jovem, mas e ela? O que tinha visto em mim? O que queria de verdade? Sexo casual? Minha prepotência não chega a tanto, portanto acho que não!
Sou muito direto com minhas coisas e resolvi ir direto ao ponto, perguntei se ela vendia amor e prontamente ela me respondeu com outra pergunta “Eu não, mas por que, o senhor vende?”. Que garota esperta, era só o que passava em minha cabeça.
A Madrugada foi chegando, o álcool fazendo efeito, eu estava cada vez mais envolvido e ela também, mas eu não sabia o que fazer, afinal de contas, comigo sempre foi ou pagando ou com minha Flor mulher, assim, desse jeito eu não sabia. No momento em que eu pensava o que fazer ela chamou o garçom, pagou a conta e agora com voz de mulher disse:
__ Hoje vou te levar pro céu.
Sem entender nada eu a segui até seu apartamento, que era bem próximo ao calçadão, era de frente pro mar, ali mesmo ela me deu um tiro e eu morri... Brincadeira, mas foi o que pensei que aconteceria!kkk
Entramos no apartamento e um velho aprendeu com a jovem a arte de amar, aquela menina sabia mais coisas do que todas as moças que já conheci na minha vida e olha que meu estoque de mulheres que vendem prazer é muito vasto, mas aquela menina fez com que eu voltasse à vida!
Ao amanhecer o quarto estava vazio, na cama um pequeno bilhete escrito:

“Ao sair, bata a porta...
Ao chegar em casa, tome um banho...
Ao entardecer, Durma...
Ao anoitecer, me procure!

Beijos!

Assinado: Um anjo!

Um comentário:

  1. Maravilhoso!
    Pensei mesmo que ele tivesse morrido!
    Pensei...hã? e agora?
    até me assustei!
    Bjos amiga um bom fds

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