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domingo, 27 de março de 2011

Continuação da história de Angelita... A história!



Hoje tenho 52 anos, uma filha que não fala comigo e um neto que nunca vi o rostinho, tive um amor que também se foi, mas não culpo ninguém por isso, culpo somente a mim.
Sempre gostei de escrever, desejava e sonhava todos os dias me tornar uma grande escritora e aos 18 anos publiquei meu primeiro livro e foi um sucesso, depois do primeiro vieram vários outros, eu era uma escritora comum, eu amava a lua e seus mistérios, me sentia livre na madrugada, a solidão era minha melhor e mais freqüente companhia, me embriagava quase toda noite, não me envergonho em dizer, pois o álcool sempre foi minha fonte de inspiração, aos 25 anos eu já era respeitadíssima pela classe literária, eu estava ganhando bem para fazer o que mais gostava, a vida não podia está melhor, mas ainda assim sentia falta de algo, eu escrevia sobre amor e nunca o tinha olhado face a face, sempre brinquei com o coração, tinha casos de paixão frenética que durava  o tempo necessário para uma relação sexual prazerosa, meu coração nunca passou mais de 24 horas ocupado com a mesma paixão, até que em uma noite chuvosa ao sair do bar, vi um belo homem, alto, forte, usando um terno bem alinhado mas todo molhado devido a chuva fina que caia, então parei o carro e conversando com ele, descobri que era argentino, ministro, tinha vindo ao Brasil para uma conferência e agora estava perdido sem saber voltar para o hotel, ele tinha tudo que eu mais odiava, era político, argentino e pra piorar ainda usava terno, mas algo nele gritava: “Devora-me”! E eu o devorei!
Passamos a noite juntos, não conto em detalhes por que prefiro deixar a sua imaginação vagar por caminhos sórdidos, caro leitor, mas continuando, passamos uma noite esplendorosa e na manhã seguinte estávamos casados, eu sabia que era algo novo, sabia que o amor requer renúncias, acreditei realmente que eu estivesse pronta para amar, fui embora para Argentina, larguei tudo e ficamos juntos por três anos, foram 1.095 dias de pura felicidade, como fruto desse amor, nasceu Camila e junto com ela veio a realidade, eu já não era mais eu mesma, vivia trancafiada num vestido de gala, entrando e saindo de jantares com pessoas vazias, Camila chorava, Nicolás sempre as voltas com reuniões intermináveis, não aquilo não era a minha vida, aquilo estava me matando, então voltei a escrever, precisava resgatar minha vida e acabamos nos separando, voltei para o Brasil trazendo na mala, esperança, alegria e Camila, comecei a trabalhar muito, priorizava sempre minha carreira, pois por ter parado por três anos, agora precisava correr atrás do tempo perdido, Camila foi criada a sombra da minha carreira, na verdade hoje percebo que ela só era realmente feliz, quando nas férias ia para Argentina encontrar com o pai com quem sempre e notoriamente foi mais apegada, mas só hoje consigo enxergar isso, antes eu acreditava que trabalhando muito como fiz, poderia lhe proporcionar uma vida cheia de luxo e privilégios e com isso ser uma boa mãe, claro que isso foi mais um estúpido engano para minha coleção de burrices, toda escritora gosta da solidão, vive em constante crise existencial e é por natureza um pouco egoísta, ganhei muito dinheiro e tudo que o dinheiro podia comprar eu deu a minha filha, hoje sei que não era isso que ela queria, o tempo passou, e aos 49 anos de idade percebi que minha vida pessoal estava um lixo, bebendo em exagero, fumava descontroladamente tentava afogar as magoas em um copo de conhaque, trabalhava como uma desesperada, amigos somente os de farra, minha filha tinha agora 24 anos, só falava comigo uma vez por ano, na noite de natal, ela estava a 05 anos morando em Londres estava grávida e eu nem mesmo sabia qual era o sexo do bebê, percebi que só tinha amado uma vez na vida e que queria de volta aquele sentimento, então liguei para Nicolás e por telefone fizemos juras de amor eterno, mesmo depois de anos longe, Nicolás ainda me amava, então decidimos que ele abandonaria a política e sua terra natal e viria morar comigo no Brasil e em troca eu seria pra sempre dele, abandonando de uma vez por toda o ofício da escrita.
No dia em que ele chegou ao Brasil eu estava escrevendo o último capítulo de meu último livro e não pude pegá-lo no aeroporto, estava chovendo, parecia com o dia em que eu o vi pela primeira vez, mas dessa vez não pude salvá-lo com meu carro então ele pegou um táxi e no caminho ligou para mim, por telefone prometi que quando ele chegasse em casa o livro estaria terminado e nossa vida enfim começaria, por sua vez ele prometeu que nunca mais me deixaria sair de sua vida e até brincou, pois no som do carro, estava tocando a musica (I’ve had) The time of my life, e ele com sua voz grave e urgente brincou dizendo “Coloque o vinho no gelo, prepare o som, por que hoje a noite dançarei essa música contigo” logo depois dessa frase, escutei gritos, um barulho ensurdecedor e precisamente as 20:55 o táxi em que ele vinha capotou três vezes na pista molhada e foi exatamente ai, que eu perdi o grande amor da minha vida, sem ao menos ter a chance de dizer: Eu te amo.
Depois disso a relação com minha filha, que já não era das melhores, agora desmoronou, ela nunca me perdoou e ela está certa, pois talvez se eu tivesse deixado o livro de lado e tivesse ido buscá-lo no aeroporto, isso nunca teria acontecido, abandonei tudo, resolvi me esconder nessa cidade onde nada sabem sobre mim, e toda noite, com uma esperança inocente escuto por muitas vezes essa mesma canção na esperança insana de que o meu Nicolás venha cumprir sua promessa e dance comigo mesmo sabendo que ele nunca retornará.
Então caro amigo, cuidado com o que deseja, você que está querendo seguir meus passos e ser escritor, saiba que sempre tendemos ao exagero, a solidão, eu troquei minha vida por um sonho e hoje não sei se valeu a pena.. Você ainda tem uma escolha... Desista da escrita!
__ Desculpe D. Angelita, mas um verdadeiro escritor nunca aprende com as experiências dos outros, só com as dele mesmo, mas mesmo assim obrigada por compartilhar sua história comigo, um dia a senhora lerá um livro meu pode acreditar! Boa noite, tchau!
__ Seu futuro, sou eu! Sinto muito!


OBS: Hoje, anos depois dessa história ter acontecido, percebo que D. Angelita tinha toda razão! Infelizmente!
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quinta-feira, 24 de março de 2011

A história da minha vida!




Hoje sem nada melhor para fazer, resolvi fazer uma limpeza no meu armário, tirei papeis amarelados e envelhecidos, fotos de mulheres que certamente provei o veneno, mas que hoje não lembro nem o nome, encontrei até um carrinho que de quando tinha apenas 05 anos e nesse ato de encontrar acabei encontrando também os meus cadernos do meu tempo de adolescência, vasculhando texto por texto, percebi que tinha uma meia dúzia de escritos bonzinhos dentre esses estava o texto ou melhor a história do porque resolvi me prostituir tornando-me um escritor.

CURIOSIDADE

É noite de sábado, o ponteiro do relógio marca 19:15, pedi ao papai para me deixar ir ao clube, hoje vai está por lá uma banda que é uma brasa, mas por mais uma vez o Zé empata, empacou com seu autoritarismo barato e não permitiu que seu único filho, que tem 16 anos e milhões de espermatozóides doidos pra circular, por mais uma vez meu pai não permitiu que eu fosse  feliz,com tanta raiva me tranco no quarto as horas passam, preciso jogar essa raiva fora, começo a escrever, preciso de silêncio, silêncio esse que não tenho, mesmo aqui dentro no meu cantinho me deliciando com o gosto da solidão, de portas trancadas, ainda assim escuto insuportáveis sons que vem da rua, escuto crianças rindo, mulheres falando alto, homens reclamando de seus times de futebol, apenas um som me agrada, é o de uma música melancólica que vem da casa da vizinha, todos os dias por volta das 21:00 ela escuta essa mesma música umas 10 vezes repetidamente e depois vai pro portão de sua casa e fica olhando para o horizonte, por várias vezes fiquei a observá-la, notei que em seus olhos negros tem um misto de saudade e dor, acho que saudade de alguém que partiu e não deveria ter partido, dor como a de quem perdeu algo que realmente tenha importância, por várias noites que fiquei observando-a eu criei milhares de história sobre essa mulher, mesmo por que pouco eu sabia sobre ela, ouvi dizer que ela era uma grande escritora, dizem por ai que seu ultimo livro foi um dos mais vendidos no Brasil e já foi traduzido pra mais de seis idiomas, mas a dois anos atrás quando veio morar aqui ela abandonou a carreira brilhante que tinha e se perguntada sobre qualquer coisa de passado por algum vizinho mexeriqueiro, ela se esquiva e sai rapidinho, acho que talvez fosse por isso que ela não tinha amigos por aqui, ela mora sozinha tendo como companhia apenas uma gatinha gordinha e branquinha, quase nunca recebe visitas, vez ou outra aparece uns repórteres que ela nem atende e ... A música parou!
Agora que escrevi um pouco sobre ela fiquei ainda mais curioso pra saber sua verdadeira história, me encho de coragem e decido que vou até a casa dela, conto-lhe que sou também escritor e ela se identificará comigo... Não, melhor não, aqui todo muito sabe da vida de todo mundo, eu só escrevo pra mim, pra expor meus pensamentos, depois ela conta pra alguém e me obrigam a mostrar meus textos e com isso descubro que sou merda, não, melhor não.
Chega de medo besta! Engoli meu medo, caminhei lentamente, talvez pedindo coragem, por que para um moleque de 16 anos é muito difícil dar uma de simpático e curioso sem parecer uma florzinha, quando percebo já estou diante do portão da casa dela, nesse instante minha mão toma vida própria e toca a campainha...
__ Oi senhora Angelita, boa noite! Aquela música que a senhora estava escutando é linda!
__ O que você deseja garoto?
__ Acho que a senhora tem olhos tristes e escrevi algo sobre isso, espero que a senhora possa ler e...
__ Você veio até aqui, só para saber o motivo dos meus olhos estarem tristes?
__ Sim!
__ Você quer ser escritor.
__ Como sabe?
__ Eu sinto, eu também já tive esse brilho nos olhos.
__ Por que parou de escrever?
__ Você é direto, então também serei, sou mulher e ambiciosa, como mulher, sempre desejei encontrar meu príncipe encantado e por ser ambiciosa e gostar da arte da escrita, sempre sonhei em ser uma ótima autora de livros, mas por priorizar um, acabei perdendo o outro.
__ Continue, por favor.
__ Primeiro leia a última página do meu último livro e depois te contarei minha história ”

Escritora em crise

Num rasgo de extremo bom senso, decidi nunca mais escrever, ando exausta de escrever eu já odeio tanto escrever que minha mão se crispa na caneta como se segurasse um cabo de punhal ou o rabo de uma serpente venenosa.
Matarei a tiros, a pontapés se for preciso, cuspirei em seu cadaver, mixarei em sua cova, como uma menina mau educada darei lingua.
Reduzirei minha linguagem ao mais trivial possível, falarei apenas bom dia, boa noite, e no máximo direi “Não quero falar com você, sou muda
Inclusive acabei de proclamar os artigos do meu novo modo de viver.

Art 01- É definitivamente proibido de me chamar de escritora, sob pena de sofrer pesadíssimos insultos em palavreado chulo.
Art 02- Abdicarei das paixões e dos gozos da carne e tudo o que for pecado, só não me tornarei completamente casta por que posso até está revoltada com a vida, mas ainda não estou louca.
Art 03- Desistirei de todos os meus vícios, inclusive o de amar a beleza e o imprevisível, e andarei em linha reta como um animal amestrado.
Art 04- De hoje em diante só beberei socialmente, como convém uma ex-escritora.
Art 05- Dormirei cedo toda noite de lua cheia, para não cair em tentação e com isso garantir minha entrada no céu dos tolos.
Art 06- Abandonarei as más companhias que me mostraram o céu dos porres e o inferno das ressacas, viverei sem amigos.
Art 07- E de tudo que vivi e escrevi, esperarei que quando eu morrer minha família escreva em meu tumulo a seguinte frase:
“FIZ O QUE PUDE, O RESTO NÃO DEU FOI TEMPO”


Continuação da história de Angelita...
... Aguardem!!!!
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quinta-feira, 17 de março de 2011

“O amor transforma um rato em homem”



É manhã de sábado, são precisamente 8:17 da manhã e eu já estou acordado e sóbrio, isso é quase um milagre, sou um animal noturno e todos sabem disso, mas hoje estou me sentindo um novo homem, resolvi soltar as amarras que a tempos prendiam meu coração, ontem olhei no espelho e não gostei do vi, eu estava parecendo um remendo de homem, mal-humorado, cara fechada, sabor amargo na boca me corroendo os dentes e o estômago, andava sem inspiração para a arte de escrever, sonhos eu nem  lembro quando foi a ultima vez que eu tive, estou magro, sem ânimo pra absolutamente nada e quando chega esse período onde o homem não tem vontade ou nem consegue transar com uma bela mulher é por que chegou a hora de uma grande e grave mudança.
Caro leitor, sempre fui apreciador dos prazeres e das belezas do mundo, independente da idade sempre fui muito viril, bastava passar em minha frente um belo exemplar de fêmea para que meu faro ficasse apurado e meus instintos se transformassem em realidade, mas ontem a noite algo novo me aconteceu. Como toda sexta, eu saí para encontrar alguns amigos etílicos no bar, bebi regularmente, fiquei naquele nível em que o bêbado se acha rico, mas não o suficiente para querer pagar a conta inteira sozinho, após alguns goles extras resolvi sair à caça, fui caminhar no calçadão e acabei encontrando uma jóia gaúcha, olhos azuis, corpo escultural, seios falsos e grandes, era a materialização dos meus desejos naquela noite, então fomos para um local mais reservado, e lá ela começou a trabalhar, mas mais parecia que eu estava numa reunião com meu chefe, pois a emoção era a mesma, por mais que a bela se esforçasse eu não conseguia reagir, ela tentou uma, duas, três, eu já estava humilhado, mas todo castigo para broxa é pouco, então ela disparou uma bala que me atingiu mortalmente, ela disse “Não tem problema, isso pode acontecer com qualquer um” Naquele instante eu pensei em me transformar num assassino de prostituta, pensei em afogá-la na banheira, pensei, pensei, pensei e decidi que era eu que estava merecendo morrer, paguei a conta, pois a moça havia perdido a noite comigo, saí do motel me sentindo o pior dos homens, fui para casa, tentar me reencontrar como homem nos braços da flor mulher, mas quando cheguei em casa apenas a minha espera tinha um bilhete escrito assim “Fui passar o final de semana no sitio com nossos filhos, caso sinta vontade, apareça por lá, estaremos te esperando” agora sim, me senti mais abandonado, mais sozinho, na minha casa apenas habitava eu e meu desespero, resolvi me acalmar lendo minha última crônica, peguei o jornal e quando terminei de ler percebi que sou um bosta como escritor, sou um bosta homem, um bosta jornalista, um bosta marido, um bosta pai, definitivamente eu sou só um bosta!
Não, não posso me acostumar com essa situação, preciso mudar, mudar logo, hoje, agora...
Já era 01:30, peguei o carro, dirigi 50 km mas cheguei ao sítio, encontrei a minha bela esposa dormindo como um anjo,  desci até a cozinha, cortei pedacinhos de queijo, tirei o vinho da geladeira, colhi flores no jardim e acordei minha amada com um beijo, tomamos vinhos, comemos queijo e novamente eu me senti homem, eu fiz amor com a mulher da minha vida, e percebi o que talvez tivesse me faltando era isso, era eu me entregar novamente aos braços do amor!
Ao encontrar a solução dos meus problemas não consegui mais dormir, deixei a flor mulher dormindo no quarto, desci, fui ao jardim, dei bom dia para o sol, cheirei algumas rosas, afaguei meu cachorro e resolvi publicar em meu blog que “O amor transforma um rato em homem”
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quarta-feira, 9 de março de 2011

Imitar a imitação!!!




Chega um determinado momento de sua vida que você tem que escolher permanecer de olhos fechados ou ter que abrir os olhos e eles se depararem com a cruel realidade. Acho até que essas duas opções são meras ilusões, pois mais cedo ou mais tarde você terá que abrir os olhos, chega um certo tempo que permanecer de olhos fechados já não dá mais.
Hoje abri meus olhos e a luz da realidade por pouco não me cegou, mas talvez fosse melhor a cegueira a ter que enxergar a minha vida sem máscaras se desmoronando na minha frente e eu ali impotente sem poder esboçar nenhuma reação.
É terrível constatar que o sol brilha para uns e para mim ele nada mais é que fazedor de sombras, e o pior é saber que eu mesmo cavei o buraco ao qual hoje estou enterrado... Sei caro leitor, que você se ocupa em ler esse texto para se entreter, se divertir, mas hoje lendo essas linhas que agora escrevo você não vai encontrar nada além de dor e arrependimento, continuando minha narrativa... Hoje, como faço todas as sextas sai do trabalho um pouco mais cedo, colhi no calçadão uma bela flor e fui com ela desfrutar os prazeres de ser Homem, fiz tudo o que tinha direito e que a idade ainda me permitia, mas quando fui pagar a conta do maravilhoso jardim, vejo o carro na minha Flor-mulher mulher à minha frente, o primeiro pensamento foi que ela estava ali para me dar um flagra, mas quando vejo aquela mãozinha delicada saindo de dentro do carro e pagando a conta, percebo que meu mundo caiu, o inferno se abriu e o chifre do demônio veio parar direto na minha cabeça, milhões de pensamentos passaram na minha cabeça naquele momento, não sabia se descia do carro e esbofeteava ela ali mesmo ou se chorava agarrado ao volante como uma criança que a mãe acabou de negar-lhe o peito, mas a razão prevaleceu, eu não fiz nada, paguei a conta, deixei a flor no calçadão para que outro apreciador tivesse o prazer que outrora tive e fui me sentar na areia da praia para aliviar o peso do chifre e pensar com calma no que a pouco havia visto.
Novamente desejos assassinos me norteavam a cabeça, não conseguia entender como ela teve a coragem de por uma noite destruir anos de um ótimo casamento, a todo instante eu pensava na destruição que essa traição iria causar na minha vida, na vida de nossos filhos, pensava como ela foi estupidamente infiel e logo comigo, eu que sempre fui o melhor marido do mundo... É óbvio amigo leitor, que eu sabia que nem de longe eu sou esse ótimo marido, sei que ela teve, tem e terá milhões de motivos pra me trair, mas um homem com o orgulho ferido só consegue encontrar sua própria verdade por mais mentirosa e fantasiosa que ela seja... Pois bem, com a raiva me servindo de conselheira, rumei para a casa, com o plano já bem definido em minha mente, eu iria esbofetear a flor-mulher, contaria toda a história para nossos filhos para que assim ela ficasse bem humilhada e depois queimaria tudo o que tenho, desde o carro até a casa, para que ela não ficasse com nada que eu levei tanto tempo para construir.
Quando eu cheguei em casa, ela estava na cozinha, correu me deu um beijo como sempre fazia, resolvi que esse seria o momento certo de dar-lhe um soco no meio do rosto para ver o sangue jorrar, cerrei os punhos pronto para atacá-la como um bicho raivoso, mas olhei em seus olhos e tudo que planejei foi por água abaixo, eu a beijei intensamente, acho que inconscientemente eu tentava tirar o gosto do amante de seus lábios, quando parei de sufocá-la com beijo ela me disse:
__ Amor, por favor, você tem que tomar providencias, a nossa filha saiu com meu carro desde cedo e até agora não voltou, eu espero que quando ela chegar você tenha uma séria conversa com ela!
Nossa! Eu pulava de alegria, mesmo sendo ateu, eu dava graças a Deus por não ser a Flor-mulher naquele carro, eu sei que não vou mudar, pois já sou a criatura que eu mesmo criei, e nem mais me lembro como eu era antes de ser assim, é fácil viver esse personagem que inventei, é muito fácil mesmo atuar que sou, que vou, que posso, porem é muito difícil assumir meus medos, traumas e dores, e aos que gostam de ser assim como eu, farrista, mulherengo, boêmio, eu digo que pode até ser fácil ser assim como eu, mas com toda certeza eu garanto que: “Não será nada bom imitar alguém que já é uma imitação”
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