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terça-feira, 28 de junho de 2011

Preciso tirar férias de mim!



Não sei o que está acontecendo comigo, estou com falta de ar, preciso gritar, socar a parede, respirar fundo, olho pra essas paredes brancas e uma louca vontade de sair pela noite me invade, olho pra esse apartamento pequeno, pobre, sem vida, olho essas fotografias antigas cheias de felicidades compradas e vendidas, tudo parece tão falso, tão frio, me sinto cada vez mais só, mas sou viciado em tristeza, acho que esse é o meu maior vício.
Tem algo dentro da minha cabeça que me ordena... Corra, grite, dance, fuja, fôda!
Fico aqui da minha varanda olhando para esses carros que passam, a luz do luar me atormenta, não por que brilha e sim por que ela é livre e pode vagar por onde quiser, literalmente pra ela, o céu é o limite, quanto pra mim resta apenas à clausura de uma vida de enganos, cheia de amarras, travas e abismos. Nossa! Como eu queria tirar férias de mim.
Hoje estou meio melancólico, acho que nem precisava dizer. Deve ser a falta de sono, faz dias que não consigo dormir direito, dúvidas correm dentro da minha cabeça, dúvidas essas que talvez seja melhor que eu nunca tenha resposta. Resolvi fazer análise pra saber o que tanto me atormentava, fiz apenas três sessões, mas minha psicóloga pediu licença para se internar num manicômio, acho que ela não suportou a barra pesada das minhas idéias insanas! Amanhã lhe mandarei uma cesta de frutas!kkk
Já encontrei a cura para meu tédio, vou desligar o celular, chutar o computador, vestir uma calça folgada, uma camiseta qualquer, levar no bolso apenas um cartão de créditos, pois já é madrugada e não quero ser assaltado, vou pentear o cabelo quase inexistente e vou correndo pra praia me entregar nos braços de Iemanjá.
Cheguei à praia, jogo fora à camiseta e os sapatos, as minhas pernas correm sozinhas para água, a vida passa em flash, o vento me impulsiona para que eu corra mais rápido, agora é à hora, corro, chego, a água molha meus pés. Nossa! Como essa água está fria, melhor deixar para me entregar nos braços de Iemanjá outro dia!
Volto pra casa, encho a cara, mas amanhã, prometo, vou tirar férias de mim!
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segunda-feira, 27 de junho de 2011

Velhos tempos



Velhos tempos, velhos tempos, que saudade!
Saudade de uma liberdade que não volta...
Andar na noite, sentir a brisa tépida batendo suave no rosto, correr no corpo uma sensação romântica, um sentimento de muitos amores, amores irreais, sem corpo, sem objetivo, sem gosto, mas de qualquer forma, amores!
Andar pelas ruas desertas, sozinho, mas cercado de todas as vidas do mundo, escutando a música que só a madrugada ébria pode tocar, sentindo no ar o gosto de vidas devassas numa rua vazia, o sabor de uma doce liberdade que não volta!
Velhos tempos, velhos tempos, que saudade!
Saudade da música vazia e solitária dos bares da noite, dos olhares e dos sorrisos sem graça, esvaziados pela solidão, dos corpos cheios de esperança de mais felicidades, ao menos naquela noite.
Saudade do brilho da estrela, da mulher promíscua, do quarto vagabundo, do cheiro do pecado, saudade dos passos largos e do caminho curto!
Velhos tempos, velhos tempos, que saudade!
De uma palavra, de um abraço, de quem sabe, um beijo, dos copos que estavam cheios e agora vazios, saudade da felicidade que veio junto com o líquido demasiadamente ingerido.
Velhos tempos, velhos tempos, que saudade!
Saudade de uma liberdade que não volta...
Ahhhh... Não volta!!!!
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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Continho!!! Conto de fadas do século 21.

O texto não faz muito a linha que sigo no meu blog, mas resolvi escrever e postar já que faz parte de um projeto de uma grande amiga  Sônia Fátima!



O dia passou como um raio, o ponteiro do relógio girava numa velocidade impressionante, o cheiro de rosas brancas se espalhava pela casa, logo a frente, pendurado num cabide o seu melhor ou pior inimigo já estava pronto, pendurado, engomado e bem branquinho, pronto para entrar em cena.
A cabeleira, amiga de longa data, mais falava do que arrumava o cabelo, a mãe era só sorriso, o pai volta e meia passava pela a porta e sem nada dizer, olhava a sua pequena que de pequena já não tinha mais nada.
No jardim, tudo pronto. Cadeiras, tapete vermelho, rosas brancas, a bíblia, os convidados, o padre, o noivo, os pais do noivo, tudo seguia como o combinado, seria a união perfeita para dois corações, mas nem sempre o amor consegue retribuir o carinho de outro coração.
A noiva, continua se arrumando no quarto, o vestido lhe cai tão bem, o cabelo tem um brilho especial, brilho esse que não tem em seus olhos, desesperadamente a noiva grita para o garçom:
__ Garçom... Por favor, champagne.
O desejo é prontamente atendido.
A vontade de correr, sumir lhe passa pela cabeça, mas correr pra onde? Sumir de que?
Um choro compulsivo, ninguém consegue entender o que se passa na cabeça da noiva, soluços, pranto, desespero e mais champagne.
A lua aparece linda e brilhante no céu, pronto, agora falta apenas uma hora para uma mudança de uma vida inteira. A noiva pede para ficar sozinha, pois precisa se encontrar.
Se tivesse asas certamente sairia voando, não entende como deixou chegar aquele ponto, não sabia como se livrar daquela situação, nem mesmo sabe por que deseja sumir dali, seu noivo é ótimo, maravilhoso, compreensivo e apaixonado, ela não tem motivo para todo esse medo.
A porta do quarto é aberta... os olhos da noiva segue cada centímetro do homem que entra em seu quarto.
__ Rodrigo. O que você faz aqui?
__ Somos primos e, além disso, eu precisava impedir que você cometesse essa besteira, você só namorou com esse cara seis meses, não o conhece direito.
__ Por favor, vá embora, você por cinco anos teve sua chance e perdeu. Me enganou, me traiu, mentiu e me iludiu, por favor, saia.
__ Diga que me ama.
__ Não. Você não me merece, eu já te esqueci.
__ Diga o que verdadeiramente está sentindo.
__ Estou com frio por está perto demais do seu coração de gelo.
Rodrigo abraçou Helena demoradamente, abraçou tão forte que podia sentir as batidas descompassadas de seu coração cheio de dúvidas.
__ Você é a mulher da minha vida. Você é só minha e de mais ninguém.
__ Vá embora, por favor.
Com passos largos e pisadas firmes, Rodrigo saiu do quarto rumo a porta de saída.
Helena pensou um pouco... Correu atrás dele, o alcançou e disse:
__ Eu te amo.
Um beijo longo foi inevitável. Ricardo era só contentamento, em poucos minutos já havia feito planos pra uma vida linda a dois.
Helena, pensou friamente e com ar de soberba disse:
__ Na verdade, eu amo te fazer de tolo, eu amo poder me vingar, eu amo ter te esquecido, eu amo ter encontrado um homem e com isso pude descobrir que você é somente um verme.
__ Por que me beijou se não me queria?
__ Esse foi nosso último beijo, não estou disposta a jogar minha vida toda fora em troca de uma aventura sem sentido, seu amor é ilusão, a ferida ainda dói mesmo por que não se extrai um câncer sem matar células inocentes. Agora some da minha frente, some da minha casa, some da minha vida!
O casamento prosseguiu normalmente. O noivo sorridente, a mãe contente, a sogra satisfeita, os convidados se divertindo, a noiva realizada por ter se vingado de por cinco anos ter sido iludida e enganada!
Conto de fadas do século 21.
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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Certeza que devo chorar!


Era uma tarde de outono, o cheiro de caju maduro pairava embriagando os passantes, o por do sol se despedia alaranjado, os pássaros voltavam para seus ninhos, o vento que batia nas folhas parecia fazer cantar uma melodia triste, o som do sorveteiro, os risos das crianças, o cheiro que vinha do carrinho de pipoca, mas essa beleza toda se ofuscava diante de seu leve e elegante andar, o brilho do sol, nada mais era que um reflexo do seu sorriso, parei de ouvir a melodia do vento para escutar meu coração que após ver tamanha beleza, batia descompassado, o seu perfume... Ah, o seu perfume!
Entre todas as pessoas que estavam naquela praça, você era diferente, era mágica.
Seus olhos, castanho claro com um leve toque da cor de mel, sua pele parecia de algodão doce, sua boca, me inspirava ao pecado, suas curvas eram um convite, óbvio que eu sabia que você nunca me olharia, mas já os meus, não paravam de mirar na mais bela de todas as mulheres.
Quando você sentou no banquinho, tive uma vontade enorme de ir ao menos me apresentar, mas só a cabeça e coração tiveram atitude, mas a minhas pernas paralisaram, minhas mãos suavam, meu peito queimava em chamas, era amor, eu sabia que era amor.
Você percebeu meu olhar, esboçou um leve sorriso, meu coração disparou, olhei pra suas mãos e as vi inquietas, essa foi a oportunidade que eu estava esperando, caminhei até o canteiro, colhi algumas rosas, me aproximei de você e completamente nervoso disse:
__ Eu te amarei por toda minha vida se você aceitar essas flores.
Lembro que você ficou pálida, sem voz, acho que até pensou que eu fosse algum maluco, mas quando eu vi suas mãos indo em direção as flores, o meu mundo se abriu em um leque de cores e sabores, tudo se misturava em minha mente, eu estava em festa.
O seu vestido amarelo, com detalhes azuis, seus brincos brilhantes, uma pequena mecha de cabelo que caia sobre os olhos, sua boca vermelha, tudo em você era um verdadeiro encanto e quando você ficou de pé, em frente a mim eu tive que puxar forças nem sei de onde para não te roubar um beijo. Toquei em sua mão e você corou, naquele momento, no mundo só havia eu e você. Eu habitava o paraíso, sem a menor vontade de ir embora.
Nesse momento a lua já aparecia aos poucos no céu, o sino da igreja havia tocado umas duas vezes anunciando o início da missa, eu sabia que tinha pouco tempo, mas não conseguia fazer nada, apenas ficava te olhando para guardar cada segundo na memória, o terceiro sinal tocou, a missa já ia começar, você então num ímpeto de coragem segurou meu rosto e delicadamente me conduziu ao céu quando encostou seu lábios nos meus, e o tão esperado beijo aconteceu, um gosto de mel se espalhou pelo meu corpo, mentalmente eu rezava para aquele minuto durar para sempre, você completamente corada, me puxou pela mão e suavemente disse:
__ Se você entrar na igreja de mãos dadas comigo, certamente será meu futuro marido.
E eu? E eu entrei, e entraria mil vezes se preciso fosse para repetir a nossa história.
Dois anos após esse primeiro encontro nos casamos, tivemos dois filhos, construímos uma história de amor e carinho, anos e anos de companheirismo, compreensão e dedicação de ambas as partes e agora por causa de uma estupidez de minha parte, por causa, de um desejo infantil, por causa de uma traição sem importância você quer jogar todo esse amor fora???
Não, por favor, não me deixe... Você é o meu oxigênio!

“ ... Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar
Para mim ... ”
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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Hoje é dia de ser feliz!



Sabe esses dias em que você precisa se encontrar? Precisa relembrar o passado sentindo cada emoção vivida?Sabe esses dias em que você gostaria de voltar no tempo? Pois é, eu sei.
Hoje acordei com um aperto no coração, uma saudade de tudo, uma vontade de voltar ao passado, correr na chuva, puxar o rabo do gato, soltar pipa e olhar por debaixo do vestido da garota mais linda escola... Hoje acordei meio cansado de ser adulto.
Acho que essa saudade veio devido esse cheirinho de bolo de fubá e café fresquinho que vem lá da cozinha, esse cheiro me faz com que eu me lembre do sítio da minha avó materna, nossa como era bom pular no lago, jogar peteca e comer milho quente, bolo de fubá e beber suco de caju!
Consigo vencer a preguiça e mesmo sendo hoje sábado, dia de só levantar da cama tipo as 8:00, 8:00 da noite, mesmo assim saio da cama cedo e vou como se tivesse flutuando, chego à cozinha e em cima da mesa do café da manhã vejo o que pra mim é um manjar dos deuses, pão de milho, bolo de fubá, café quente, leite morno e suco de manga coité, devoro tudo isso como se tivesse a pouco saído do presídio, cada mordida me leva para o mundo das recordações, começo a lembrar do sitio da vovó Mariquinha, lembro do brilho das tardes de domingo, do cheiro de fruta madura, lembro da vontade que tinha de nunca mais sair do colo do vovô Josué, lembro do sorriso largo da minha mãe quando eu aprontava alguma arte, lembro tanto e tanta coisa, mas é engraçado que mesmo puxando na memória, não lembro de nenhum momento com meu pai lá no sítio, não lembro de nenhum jogo, nenhuma pescaria, nenhuma conversa a beira do lago, não lembro de nada, apenas lembro vagamente que ele ia nos deixar e rapidamente voltava pra cidade, em meio a meus pensamentos algo me traz pra realidade olho na geladeira e vejo um bilhete da Flor mulher que dizia o seguinte:

“Fui ao sítio, mas como sei que você nunca quer ir, resolvi deixar um pouco do campo no seu café da manhã, espero que goste. Voltarei no domingo, qualquer problema me ligue, estou aqui com nossos filhos e alguns amigos.
Beijos e bom descanso.
Amo você!”

Com o papel ainda na mão, percebi que havia me tornado meu pai, certamente meus filhos não teriam nenhuma lembrança minha, minha mulher, por ser uma santa ainda tinha um modo todo delicado pra discretamente me dizer “Você está perdendo tudo, acorda”.
Peguei a chave do carro, coloquei umas poucas roupas na mochila, agarrei a tralha de pesca e rumei para o sítio, no caminho percebi que depois que comprei o sítio de meu avô, essa era a primeira vez que ia lá, logo na porteira, meu coração disparou, a grama tava mais verde, a casa tava com as paredes branquinhas, as flores no jardim estavam com uma cor toda especial, estacionei o carro e entrei na casa indo direto para a cozinha, tive a nítida impressão de ver minha avó cozinhando, fechei os olhos para guardar essa cena na memória,  minha pernas tremeram, me sentei, senti um cheiro forte de terra molhada, mas não chovia, e imediatamente lembrei que minha avó sempre dizia “Cheiro de terra molhada é sinal de aconchego, pois ninguém sai de casa e o amor familiar só aumenta”.
Nossa caro leitor, agora lembrei do dia em que minha avó fez sua partida, lembro que corri pra beira do lago e implorei a Deus que aquilo tudo não passasse de uma mentira, fiz mil promessas pra que Ele modificasse aquilo tudo e o máximo que consegui foi ouvir mentalmente a canção de ninar que vovó Mariquinha cantava para eu dormir. Ao lembrar de minha avó, de seus ensinamentos, desse cheiro, eu realmente consegui voltar no tempo, nesse instante eu voltava a ser somente um menino. Peguei as varas de pesca, rumei pro lago, lá chegando todos se assustaram com minha inesperada presença, beijei a flor mulher, cumprimentei os amigos, abracei meus filhos e disse:
__ Hoje é dia de ser feliz! 
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